Nutricionista Adriana Marinho fala sobre a Nutrigenética e Epigenética no TEA (transtorno do espectro autista).
Por
Adriana Marinho
Nutricionista,
autora do painel TEA pela FullDNA/Israel
O autismo é um transtorno neuropsiquiátrico do desenvolvimento que foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo Dr. Leo Kanner. Os transtornos do espectro autista (TEAs) compreendem o transtorno autista, a Síndrome de Asperger e o transtorno invasivo do desenvolvimento inespecífico, que são classificados como incapacidades que variam de leves a mais graves1.
Alguns estudos mostram que o TEA não é uma doença,
ele surge devido fatores genéticos, mas os fatores ambientais também estão
entre suas principais causas2. O TEA é um transtorno complexo do
neurodesenvolvimento com diversos sintomas e vários aspectos, o fator genético
é um crucial influenciador na manifestação do fenótipo autista, contribuindo
com a sua etiologia, embora multifatorial e heterogênea3. Portanto,
é provável que vários fatores estejam envolvidos no TEA, incluindo ambientais,
genéticos e epigenéticos. Atualmente, uma abordagem genômica pode ser o método
mais apropriado para o tratamento individualizado. No entanto, como a
epigenética é o mecanismo subjacente de regulação da expressão gênica, será
necessário entender o TEA a partir de uma perspectiva epigenética, o que
ajudará a desenvolver terapias para TEA controlando estados epigenéticos4.
A detecção precoce de genes e problemas
bioquímicos, levando a intervenção nutricional com dieta e suplementação, de
fatores essenciais para sanar problemas relacionado a absorção de
micronutrientes, podem ser um passo positivo para a prevenção do transtornos do
espectro do autismo, e esta é uma estratégia que pode ser considerada na
medicina preventiva pediátrica.
Apesar de todos estes avanços, o número de
famílias com filhos autistas que recebem aconselhamento genético ainda é
pequeno. O aconselhamento genético pode trazer muitos benefícios nestes
casos, fornecendo às famílias informações apropriadas para orientar sobre tratamento
personalizado, mostrando os mecanismos das vias bioquímicas alteradas.
Acredita-se que a rápida evolução do conhecimento proporcionada pelas pesquisas
genéticas relacionadas ao autismo, certamente contribuirá para o
desenvolvimento de técnicas diagnósticas mais precisas e, possivelmente, para
terapias nutricionais individualizadas baseadas em evidências genéticas.
A intervenção nutricional pode trazer inúmeros
benefícios para o paciente com TEA, promovendo adequação de micronutrientes
como vitaminas, minerais e ácidos graxos e inserindo o indivíduo no ambiente
familiar e social através da alimentação, resgatando-o de um estado pouco ou
não produtivo para um indíviduo
funcional, desejo de todos os pais.
Bibliografia:
- DE FREITAS, Guilherme Barroso L. Fundamentos e Práticas
Pediátricas e Neonatais.
2.
LAVOR, Mattheus De
Luna Seixas Soares et al. O autismo: aspectos genéticos e seus biomarcadores:
uma revisão integrativa. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p.
3274-3289, 2021.
3.
SANTOS, C. A.; MELO,
H. C. S. A genética associada aos transtornos do espectro autista. Conexão CI,
v. 13, n. 3, p. 69-78, 2018.
4.
YOON, Sang Hoon
et al. Etiologia genética e
epigenética subjacente ao transtorno do espectro do autismo. Journal of
Clinical Medicine , v. 9, n. 4, pág. 966, 2020.