Desde cedo, essa menina ganhava o
mundo... Arteira como era, bem popular que é, andava pelas ruas do seu próprio
bairro (e para além) brincando com todo mundo, repleta do jeito brincalhona de
ser (até hoje a gente conhece como é). No entanto, nem tudo foi só brincadeira
na vida de Ana Tereza... Infelizmente, e como a vida a impôs, ela precisou
amadurecer, desde os seus 13 anos, para, assim, poder ajudar a própria família.
Por isso, diante das situações difíceis, trabalhava sem parar no mercado
municipal, dobrando fardos de roupas para ganhar, enfim, R$ 8,00 por sábados.
Aos 15, empenhava-se nas funções de um bar e, também, vendia acarajé para
ganhar R$ 50,00 por semana (quinta a domingo).
Essa é a dura realidade de quem
nunca teve nenhum tipo de privilégio e precisa trabalhar para não morrer de
fome, nem conviver com tamanhas preocupações como parte do seu dia. E mesmo
ganhando pouco, nas piores condições, nunca desistiu do poder de transformação
da EDUCAÇÃO. Ajudando em casa, Ana era obrigada a conciliar o trabalho com a
escola: na Educação Infantil, frequentou a Escola Alice Teles; no Ensino
Fundamental, fez parte da Escola Emanuel Brasil Ramos; no Ensino Médio, conclui
essa fase da vida no Colégio Estadual Professor Magalhães Neto (CEMAN), tendo
sido preparada para ser mais uma professora na família. Ana também estudou na
aeronáutica (Academia Especializada em Preparação e Orientação Militar – AEPOM)
durante 8 meses. Logo no finalzinho da etapa de conclusão, por motivos de um acidente
jogando bola no time de futebol no qual ela fazia parte, sofreu uma lesão no joelho
direito.
E o estudo não parou por aí:
ingressou no Ensino Superior no curso tecnológico em Gestão Hospitalar,
complementando sua formação com pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e
Clínica e em Metodologia do Ensino da História. Como professora, acreditando no
poder espetacular da educação, o estudo nunca é demais e, para continuar nessa
trajetória, vem se dedicando a mais um curso de licenciatura em História, além
das palestras e eventos que teve a oportunidade de participar. Da mesma forma
que não foi nada fácil ter que ser jovem, viver esse período da vida, e não
poder só escolher estudar, na época da faculdade essa luta voltou... E com
força! Ana tinha que lidar com os mais variados problemas em longas e
exaustivas viagens entre Ruy e Itaberaba.
Para além de toda a sua dedicação na
área educacional, a humilde Ana Tereza ainda sonha em ser artista. Essa vontade
de fazer a diferença no que diz respeito à cultura teve início com Jarbas Lima
e, também, pela colaboração de Marcílio Oliveira, quando atuou, em nosso
município, como atriz em peças teatrais, em especial, a Paixão de Cristo, A
chegada de Lampião no inferno e no céu e Só tem santo no país chamado...
Adivinha?; e, como diretora, dirigiu a peça Planeta dos sonhos,
dentre outras. Foi convidada para atuar em cinema, participando, como
atriz/roteirista dos curtas-metragens Ladrões em cena e O sonho,
produções filmadas na nossa própria cidade. Ana ganhou destaque estadual e
internacional ao ser agraciada com a premiação de melhor roteirista do filme Ladrões em cena, no Projeto Cinema no
Interior.
Por influência de sua família
paterna, em especial a sua tia Carlinda da Conceição, Ana vem se dedicando e
promovendo um legado religioso de matriz africana desde criança, mantendo, com
isso, a tradição de sua família. Por se preocupar sempre com o outro, por amor
e com o desejo maior de manter os laços com o seu povo preto e forte, oficialmente,
aos 25 anos, se iniciou no candomblé de nação Angola.
Hoje, aos 28 anos, um pouco mais experiente, Ana Tereza lança
sua candidatura à Câmara Municipal, pela primeira vez na vida, com mais empenho
ainda, uma vez que já vem se dedicando ao serviço público há mais de 8 anos,
tendo contribuído para a formação de uma juventude: pela Prefeitura, desde
2013, teve a oportunidade de ensinar na Escola Carneiro Ribeiro (4 anos), na
Escola Eraldo Tinoco (1 ano), na Creche Isabel Figueiredo (2 anos) e na Escola
Professora Nailse Pereira (mais recentemente); e, pelo Estado, lecionou, em
2014, por 4 meses, no CEMAN.
Nessa trajetória como professora, Ana pôde atuar em todos os
níveis/fases da Educação Básica, do Ensino Infantil ao Médio, empenhando-se,
nesses anos todos, em aprender cada vez mais, já que teve que lidar com
diversas disciplinas para além da sua formação inicial. E foi atrás, lidou com
as dificuldades e experimentou a verdadeira arte de ensinar. Ganhou asas e
construiu histórias...