O senador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia, contou que foi pego de surpresa com a decisão do deputado federal baiano e presidente do Conselho de Ética na Câmara Federal, José Carlos Araújo de sair do partido.
O parlamentar, que ajudou Alencar na fundação do PSD na Bahia, havia recuado da ideia de deixar a sigla, mas decidiu sair após ter atritos com o líder do partido na Câmara, o deputado federal Rogério Rosso (DF).
A liderança trocou um congressista no colegiado que Araújo preside sem comunicar o presidente. Assim, o deputado baiano se sentiu autoridade desrespeitada e entrou em rota de colisão com o colega.
Agora, o deputado vai ingressar no PR, partido onde já esteve há alguns anos. Para Otto Alencar, a decisão de Araújo em sair da agremiação é respeitada, mas não concorda com a ação. “Eu não esperava. Considero uma perda, um deputado experiente. Agora eu deixo claro que ele está saindo contra a minha vontade, não tem acordo nenhum comigo para essa saída.
A responsabilidade é completamente dele. Fiz questão de pedir que ele não fosse, tentei mostrar que sua saída poderia atrapalhar na relação política dele”, afirmou Otto Alencar à Tribuna, frisando que não apoia a decisão: “se ele está dizendo que está saindo com minha anuência, isso não é verdade”.
O senador ressaltou ainda que Araújo foi um parlamentar que teve seu amplo apoio dentro da legenda. “Em 2014 trabalhei muito para a eleição dele, a maioria das bases ligadas a mim acho que foi com ele. Meu irmão Eduardo Alencar, prefeito de Simões Filho, votou com ele acho que umas três vezes. Lideranças como Milagres, Utinga, muitas outras apoiaram ele”, lembrou Alencar.
Nesse sentido, o presidente do PSD afirmou que não vê problemas na ida das lideranças que Araújo possui no interior da Bahia para o PR, como faz o deputado. “Ele tem lideranças, vários prefeitos ligados a ele, certamente o pessoal vai com ele. Mas não fica mágoa, de forma alguma”, destacou.
O desentendimento com o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso, foi o estopim para a saída de Araújo. Rosso trocou o deputado baiano Sérgio Brito (PSD) pelo também baiano João Carlos Bacelar (PR) no Conselho de Ética e Araújo, que segue orientações do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), alegou que não foi consultado e chegou a fazer duras críticas ao líder do seu partido na Casa durante reunião do colegiado. Agora, o deputado chegará ao PR, mesmo partido de Bacelar, para presidir a sigla na Bahia.
Presidente do PR minimiza perda do cargo
A direção do Partido Republicano (PR) na Bahia é um tanto volátil. Fundado em 2000, foi comandado por João Leão, vice-governador da Bahia atualmente que foi sucedido pelo próprio José Carlos Araújo, que agora retornará ao posto de presidente.
Na época, Araújo foi atropelado por sua vez com a chegada de César Borges à sigla, que deixou o cargo para dar espaço ao deputado federal Zé Rocha, sendo esse substituído posteriormente por João Carlos Bacelar.
Em entrevista à Tribuna, Jonga Bacelar, como é chamado, amenizou a forma como Araújo está sendo posto na presidência da agremiação republicana na Bahia, função que ocupa atualmente.
“É um deputado experiente e essa mudança é normal. Natural, como sempre ocorre, um entra e outro sai. Não tem processo traumático, me dou bem com Zé Carlos, vou marcar para conversar essa semana com ele e espero que ele faça uma boa gestão à altura do que o partido merece”, afirmou.
Bacelar ainda colocou panos quentes na mudança feita de cima, pelo presidente nacional do PR, Alfredo Nascimento. “Faz parte do processo democrático”, sintetizou.