A exemplo do que ocorre em outros municípios, a população da capital também enfrenta dificuldades na busca de serviços devido a greves em instituições federais.
Depois da Universidade Federal da Bahia (Ufba), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), servidores dos Correios decretaram paralisação, na terça-feira, 15.
Para se ter ideia, a greve do INSS, que completou 71 dias na quarta-feira, 16, criou uma fila virtual de 10 milhões de pessoas. Segundo Isaac Fiterman, do comando de greve no estado, 80% das unidades de pelo menos 15 municípios baianos estão fechadas - Salvador é uma das cidades afetadas.
Dentre as principais reivindicações da categoria estão reajuste de 27,5% imediato, com aumento gradual durante os próximos quatro anos, concurso público, além de melhoria nas condições de trabalho e no atendimento à população.
Edvaldo Alves Queiroz, 37 anos, tinha horário agendado para ontem no posto do INSS, no bairro Comércio. Com o comprovante em mãos, ele tentou, sem sucesso, convencer um servidor a dar entrada no pedido de pensão pela morte da mãe, que faleceu em maio deste ano.
"Tentei, mas não posso obrigá-lo. Entendo que estão lutando pelos direitos deles, mas estou precisando muito desse dinheiro. Não estou trabalhando e, por enquanto, não tenho como receber".
Correios
Mesmo com a paralisação, ontem houve quem procurasse pelos serviços nos postos dos Correios. Em um deles, no Comércio, a todo instante chegavam pessoas em busca de atendimento, sem sucesso.
A fisioterapeuta Joana de Jesus Moura, 35 anos, por exemplo, desistiu de enviar um presente de aniversário para a filha, que mora com o pai em São Paulo e completará 14 anos amanhã. Ela foi informada de que não havia garantia de entrega, mesmo utilizando o serviço de encomenda expressa (Sedex).
"Não sei nem o que dizer para ela, que está tão ansiosa pelo presente. Infelizmente, vai ter que se contentar com um 'feliz aniversário' pelo telefone", lamentou Joana.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Estado da Bahia (Sincotelba), Josué Canto, somente serviços considerados de urgência - como telegramas e entrega de remédios - serão atendidos.
"Cerca de 80% dos carteiros de todo o Brasil estão parados. Não há garantia de entrega enquanto a greve durar", afirma Canto. Já a assessoria de comunicação dos Correios informou, por meio de nota, que 90,69% do efetivo está trabalhando, o que corresponde a 108.185 empregados.
Do total de 28.569 carteiros que deveriam trabalhar ontem nas localidades em que há greve, 9.750 não compareceram, conforme informações da assessoria. A categoria reivindica um reajuste de 12,94%, de acordo com a inflação do período, R$ 40 de tíquete-alimentação e convocação imediata dos aprovados no concurso de 2011.
Panorama de greves
INSS
Paralisação começou no dia 7 de julho e, até quarta, 16,, já soma 71 dias sem atendimentos
Ufba
Greve foi iniciada em 28 de maio. Em assembleia realizada na terça, 15, os professores decidiram manter a paralisação deflagrada há 111 dias
TJ-BA
Os servidores do Judiciário estão parados há 22 dias
Correios
Movimento grevista foi iniciado há dois dias