Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil já ocupa posição de destaque na produção mundial de orgânicos. Com alimentos de melhor qualidade e, consequentemente, mais nutritivos, esse sistema de cultivo tem sido a melhor opção para garantir a preservação do equilíbrio ambiental e a saúde de produtores e consumidores. Dispensando o uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e transgênicos, a agricultura orgânica prioriza a redução do desperdício e ajuda a manter a biodiversidade.
Diante desse cenário promissor, as condições climáticas favoráveis e os recursos hídricos disponíveis fizeram a Chapada Diamantina ser a região escolhida para se tornar um grande polo na produção de fruticultura tropical orgânica. Desde 2009, uma das suas famosas cidades turísticas, Lençóis, conhecida internacionalmente pela rica história e belezas naturais, tornou-se a sede da Bioenergia Orgânicos, empresa brasileira que pretende implantar um grande complexo industrial na região.
“Idealizamos a Bioenergia há dez anos, visando à área do agronegócio, e decidimos que seria através da agricultura orgânica. Pesquisamos todos os estados, chegamos à Bahia e à Chapada Diamantina. A pesquisa se iniciou em 2006 e, três anos depois, instalamos a empresa em Lençóis, lugar que oferece todas as condições exigidas pelo projeto: áreas virgens, reserva pra servir de cortina natural, clima adequado, água e mão de obra sem o vício da agricultura convencional – com destaque para a participação de trabalhadores das comunidades quilombolas de Una e Remanso. Desde 2010, contamos com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Mandioca e Fruticultura, que assessora nossas atividades com pesquisa e tecnologia”, explica Osvaldo Araújo, ao lado do sócio Evanilson Montenegro, responsáveis pelo projeto.
Antes de começar a colher os primeiros frutos, foi preciso preparar o terreno. “Primeiramente, plantamos a alimentação do gado, para aproveitar o esterco como adubo. Além de espécies típicas, a exemplo da manga-espada, recebemos mudas elaboradas pela Embrapa, com bom desempenho no sistema orgânico de cultivo, como resistência a algumas pragas e doenças. Dentre as variedades, estão manga, maracujá, abacaxi, acerola e goiaba. Hoje dispomos de frutas exóticas funcionais, como a jabuticaba, que está sendo desenvolvida junto com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Neste ano, vendemos os primeiros abacaxis para localidades da própria Chapada e até para São Paulo, recebendo elogios pela qualidade do produto. Agora iremos buscar a certificação, pois já temos um plano de produção consistente”, acrescenta Araújo.
Fruto do Maracujá
Na fase experimental, o próximo passo é envolver os agricultores familiares, através das cooperativas e associações. “A nossa pretensão é formar parcerias produtivas, oferecendo o suporte técnico e garantindo a compra em contrato. A meta é estabelecer produção própria de 1.400 hectares e comprar a produção de outros 1.400ha dos agricultores regionais”, descreve Araújo. No distrito de Tanquinho, a empresa irá implantar um grande complexo industrial, para abrigar a diversidade produtiva da Chapada. “Inicialmente pensamos na fabricação de sucos, mas nossa intenção é aproveitar tudo para não gerar resíduo. Em virtude da qualidade dos frutos, decidimos comercializá-los in natura, ao lado da produção de polpa. Almejamos adentrar na área medicinal e estética também, com a extração de óleos essenciais (alguns países já nos procuraram, solicitando preferência na venda). Esperamos alavancar o desenvolvimento do setor na região, abrangendo diversos municípios, como Andaraí, Mucugê e Iraquara. Queremos tornar a Chapada Diamantina especialista em orgânicos. Produzir alimentos saudáveis é o futuro!”, pontua o empresário.